“Por isto, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamará Emanuel.” (Is 7:14).
A MATERNIDADE DIVINA DE MARIA
O primeiro dos quatro dogmas marianos é o da MATERNIDADE DIVINA DE MARIA.
HISTÓRIA DO DOGMA
O primeiro dogma mariano a ser proclamado foi o da Maternidade Divina de Maria. O seu conteúdo foi permanentemente sustentado pela Tradição.
No entanto, a expressão ‘Mãe de Deus’ surgiu no âmbito da discussão sobre quem era verdadeiramente Jesus Cristo e como se harmonizavam nele as naturezas divina e humana.
O Concílio de Éfeso se ocupou com esta discussão e, em 431, proclamou o dogma da Maternidade Divina de Maria, afirmando que se pode chamá-la de ‘Mãe de Deus’. A sua doutrina foi aprofundada, mais tarde, no Concílio de Calcedônia, em 451, que se pronunciou da seguinte forma: “Todos ensinamos unanimemente que se deve confessar a um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo,… gerado pelo do Pai antes dos séculos quanto à divindade, e o mesmo, nos últimos dias, por nós e por nossa salvação, gerado da Virgem Maria, Mãe de Deus quanto à humanidade”.
O QUE O DOGMA NOS ENSINA?
A partir dos concílios, a maternidade divina de Maria é doutrina constante e unânime na Igreja.
São Bernardo, num de seus sermões sobre a Anunciação, demora-se em observar Maria no exato momento de seu sim à maternidade divina, um sim que mudaria os rumos da história, que recriaria o mundo, que possibilitaria uma nova e eterna comunhão entre Deus e as criaturas.
Maria foi plenamente Mãe de Jesus. Como tal, prestou serviços maternais ao Filho de Deus: acolheu-o com amor, dedicou-lhe cuidados e educação. Dela Jesus aprendeu seus primeiros passos, suas primeiras palavras. Conduzido pela sua mão, conheceu a religião e os costumes do seu povo.
O dogma da Maternidade Divina aponta a grandeza da mulher como colaboradora de Deus para gerar a vida. Em Maria reconhecemos os traços da mulher que assume sua vocação maternal, na maternidade física ou espiritual. A verdadeira grandeza de Maria como Mãe de Deus, no entanto, não reside na sua maternidade natural, mas sim na sua fé heroica.
A maternidade de Maria, no espírito de fé heroica, não se limitou a Jesus Cristo, mas, recebeu nele uma dimensão universal que abrange todos os tempos e a totalidade dos homens.
O ESPÍRITO SANTO PREPAROU MARIA COM SUA GRAÇA.
Maria é preparada pelo Espírito Santo para ser a mãe de Deus.
O que ela tem de especial é a disponibilidade e a abertura ao Espírito de Deus, que a prepara para ser a mãe do Salvador. Maria é especial porque o Espírito Santo a torna especial. O que a distingue de todos os seres é a atuação do Espírito Santo em seu ser. Pela primeira vez no plano da salvação e porque o seu Espírito a preparou, o Pai encontra a morada em que seu Filho e seu Espírito pudessem habitar entre os homens.
O Espírito Santo não só fecundou Maria que, como mulher, concebeu e deu início a uma vida, mas também se tornou autor daquele que mais tarde declarou explicitamente: “Eu sou a vida”. Jo 11,25; 14,6). Frei Clarêncio Neotti, O. F. M.
“Graças à maternidade divina, Maria tornou-se Esposa do Espírito Santo, pois foi mediante a ação do Espírito Santo que Ela concebeu Jesus”.
Maria foi a mulher que mais olhou para dentro de si e se colocou humildemente diante de Deus, para sempre servir e dizer SIM.
Pe. José Kentenich, Fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, define a cooperação de Maria nos seguintes termos: “Ela é a companheira e auxiliar oficial e permanente de Jesus em toda a Obra da Salvação”.
MARIA, MÃE DE JESUS
- Israelita, descendente de Davi, da tribo de Judá.
- Desposada (comprometida) com José, também descendente de Davi, da tribo de Judá.
- Morava em Belém na Judéia, na aldeia de Nazaré; pessoa humilde, desprezada pela sociedade israelita (judeus de Jerusalém), porém com plena dignidade e fidelidade diante de Deus.
Zelosa da lei de Moisés (Primeira Aliança), por fidelidade a Deus, para atender ao cumprimento de Seu plano de libertação do povo de Israel.
Nasceu para que d’Ela nascesse Cristo… Reconhecida por Deus como serva fiel, foi escolhida (agraciada) para cumprir o ministério de gerar, de maneira sobrenatural, e de educar o Filho de Deus, rigorosamente segundo a lei de Moisés.
“Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra.”
Maria se tornou a Mãe de Jesus, porque fez a vontade de Deus. Maria cumpriu a missão para a qual foi chamada a ser. Deus escolheu Maria, por mera gratuidade, para ser Mãe Santa. Para tanto, encheu-a de graça. Maria correspondeu fielmente ao dom de Deus, fazendo-se a serva do Senhor.
O SIM de Maria é o sim de uma coletividade; é o sim de todo o gênero humano, chamado a se prolongar na Igreja através dos séculos. Bastaram estas palavras saírem da boca de Maria para que ela se tornasse a Mãe do Salvador.
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós!”
Deus respeitou a liberdade de Maria. Não lhe impôs a maternidade divina. Predestinou-a, mas lhe pediu o consentimento. Elegeu-a desde antes da criação do mundo, ornou-a com todas as bênçãos e graças, mas aguardou seu sim, sua disponibilidade. Frei Clarêncio Neotti, O. F. M.
MARIA É VERDADEIRAMENTE MÃE DE DEUS.
Com o título “Mãe de Deus”, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nos diz: “Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é Mãe de Jesus ( Jo 2, 1: 19,25). Com efeito, aquele que foi concebido por obra do Espírito Santo e que se tornou verdadeiramente seu Filho é o Filho eterno de Deus Pai. Ele mesmo é Deus” (nº 94).
Reconhecer Maria como Mãe de Deus significa professar que Jesus, que nasceu em Belém, que anunciou o Reino de Deus, foi crucificado e ressuscitou, Filho de Maria segundo a geração humana, é Filho de Deus (Ele é Deus).
Toda mulher que é mãe, é mãe não somente de uma parte de seu filho. É mãe de toda a pessoa do filho, integralmente. Em Jesus não se pode separar o divino e o humano. Ele é Deus, que vive e age em carne humana. Maria, mesmo não tendo cooperado para gerar sua natureza divina é plenamente sua Mãe, é Mãe do Deus-homem, por isso, pode ser invocada como Mãe de Deus.
“ECCE MATER TUA” (Jo 19,27)
No alto da Cruz, Jesus, se dirige ao jovem João, o discípulo que Ele amava, e entrega sua Mãe: “Filho, eis aí tua Mãe”! “Mãe, eis aí teu filho”!
Maria foi acolhida por ele, que representava ali toda a humanidade. A Mãe tem então sua primeira tarefa maternal. Ela nos deu a luz, como membros do Corpo Místico da Igreja. Sob “violentas dores do parto”, pois estava aos pés da cruz e entregava ao Pai do Céu o seu Filho Unigênito. E como filhos e filhas de Deus, nós também queremos acolher Maria, como nossa Mãe, que nos foi dada por seu filho Jesus Cristo, ainda na cruz.
Maria como corredentora e como medianeira tem a segunda tarefa maternal, a de nutrir a vida divina em nós. Leão XIII assim explica: De três fontes procede a vida divina, procedem as graças. A primeira é o coração de Deus. A segunda é o coração do Redentor, pois Ele mereceu-nos todas as graças. A terceira fonte é o coração da querida Mãe de Deus. Ela, em certo sentido, ajudou a merecer as graças em dependência do Salvador e é dela a tarefa de distribuí-las.
Já idoso, este mesmo Papa deixou como seu testamento espiritual, as palavras: O que de melhor posso deixar à Igreja, uma vez que ela se debate com tempestades violentas, é a recomendação: “Eis aí tua Mãe” (Jo 19,27); povo católico, eis aí tua Mãe! Reaviva o instinto natural-sobrenatural existente em ti! Nada mais belo posso deixar do que o pedido de fazer desabrochar, até a plenitude, o amor à Mãe de Deus. (Augustissimae Virginis, 12 set. 1897)
E a terceira tarefa maternal é de assumir a responsabilidade sobre nós, educando-nos como seus filhos. Maria tem a missão de gerar vida, alimentá-la e educá-la. Em todos os momentos de nossa vida seja na alegria ou tristeza, no êxito ou fracasso, na doença ou na saúde. São Bernardo de Claraval disse que este mesmo amor ardente, alegre no sacrifício, que a Mãe de Deus, no decorrer da sua vida, dedicou a Jesus, Ela o consagra a nós, seus filhos.
NOS SANTUÁRIOS DE SCHOENSTATT
Nos Santuários de Schoenstatt a Mãe de Deus é venerada sob o título de Mãe e Rainha Três Vezes Admirável. Que significa? Como deseja manifestar, de modo singular, o seu amor materno? Três Vezes Admirável! Ela quer atuar como Mãe: admirável como Mãe de Deus, admirável como Mãe do Salvador e também admirável como Mãe dos Remidos… Poderão sobrevir inúmeras dificuldades diante das quais nos sintamos desamparados: Mater perfectam habebit curam! A Mãe de Deus há de cuidar perfeitamente! MPHC! Pe. Kentenich
O Santuário é a ‘casa materna’ onde um coração de mãe nos espera, um regaço de mãe nos acolhe e mãos de mãe nos amparam. Tudo isso corresponde à posição dela no plano da Salvação. São Bernardo também afirmou: Deus assim projetou. Gravou na natureza humana uma lei que faz parte da ordem do ser: Deus dispôs que nenhuma graça seja concedida ao homem, sem o auxílio da querida Mãe de Deus. (In Nativ BMV, PL 183,44).
A Mãe de Deus quer desempenhar a sua missão para com Cristo e a nosso respeito, de modo perfeitamente maternal, isto é, um amor desinteressado à pessoa e à missão dos filhos. Ela agiu em todos os momentos da sua vida motivada por um serviço autenticamente desinteressado, maternal. Foi o bom Deus que a constituiu assim. Ela possui a capacidade de representar as aspirações de Deus, com relação aos homens e as aspirações do homem com relação a Deus. O bom Deus tornou-a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Por isto doou-lhe um coração materno incomparável. Não há outro coração humano, nenhum coração de criatura que abrigue tanto amor para com Deus e para com os homens.
COM OS LAÇOS DO AMOR
Maria, Mãe Três Vezes Admirável, triplo é o laço do amor com que me vinculaste a ti. São: teus olhos maternos, tuas mãos maternais, teu coração de mãe. Com este tríplice laço, que não se pode romper, vinculaste-me a ti.
Grande Cooperadora do Deus uno e trino na salvação do mundo!
Teus olhos maternos estão dirigidos a nós, plenamente vigilantes, dirigidos ao grande mundo, também ao meu pequeno mundo.
Nas duras lutas, num posto avançado e solitário, quando me sinto humanamente abandonado e só, sinto como é bom conscientizar-me: existe alguém, que sabe de mim. Existe alguém, cujos olhos repousam, com amor, sobre mim.
Maria, minha Mãe! Tu me presenteaste teu olhar maternal. Teus olhos vigilantes repousaram desde sempre sobre mim. Em todos os caminhos pelos quais o bom Deus me conduziu, acompanhou-me sempre o teu olhar de mãe, e jamais foi rompida a tua relação comigo.
O fato de ter recebido tantos dons e graças que se tornaram atuantes em minha vida, eu devo somente a ti, ao teu olhar vigilante.
Que teria sido de mim, se não me tivesse conservado sempre sob o teu bondoso olhar?!
Deste-me não apenas os teus olhos, presenteaste-me também as tuas mãos. Tuas mãos vigorosas me sustentaram quando, inseguro, oscilei de cá para lá…
Quantas vezes, minha confiança foi tão frágil, tão fraca. Tuas mãos maternas, no entanto, me sustentaram com vigor. Nos anos passados, essas mãos estavam repletas de benefícios para mim!
“Eu te agradeço, e quero ser eternamente agradecido”.
Como me sinto feliz, porque tua mão maternal calorosa me pertence, teu olhar vigilante me pertence, mas também o teu bondoso coração de mãe, me pertence.
Maria, minha Mãe! Expressaste tão prodigamente, o teu amor para comigo. Empregaste muito esforço, enfrentaste tudo… Imensa dor foi a dor materna que experimentaste aos pés da cruz, – por minha causa! Neste momento geraste todos os teus filhos para uma vida nova.
Não és somente a Mãe de Cristo, porém, a Mãe de todos os incorporados em Cristo. Todos te pertencem!
Querida Mãe de Deus, minha Mãe, somente a ti, devo tudo o que sou, todo o que se desenvolveu em meu ser.
“Eternamente quero dar graças, e sem reservas a ti me consagrar!” Pe. Kentenich
A MÃE SCHOENSTATTIANA DA UNIÃO APOSTÓLICA DE MÃES
Na Comunidade da União Apostólica de Mães de Schoenstatt temos como principal área de atuação missionária, a família, servindo a Deus de acordo com o seu plano de amor a nosso respeito. Maria Santíssima é nosso modelo.
Nela contemplamos sempre a maternidade como amor que se faz doação, servindo e atendendo aos apelos de seus filhos. Suas virtudes e atitudes contribuíram para nos abrir as portas do céu, em íntima união com seu Filho, ensinando-nos que o grande segredo é sermos filiais e obedientes à vontade do Pai.
A mãe schoenstattiana que o Pe. José Kentenich deseja presentear à Igreja, é aquela que aspira ser uma ‘pequena Maria’. Uma imagem genuína da mulher na posse plena da sua dignidade sonhada por Deus, capaz de arrebatar o mundo da escravidão, da miséria moral e do pecado. Traz o selo do sentimento maternal. Ser mãe está latente em sua natureza e se destaca em seus gestos, pensamentos, características e atitudes.
Em 1966 Pe. Kentenich disse às mães: “As senhoras nem imaginam que presente é para o mundo de hoje uma mulher que vem das alturas do céu e irradia tal atmosfera em torno de si”!
Em outra ocasião afirmou: “Se a mulher não se tornar ou permanecer consciente da sua peculiaridade… será eliminado um elemento fundamental de toda cultura, um elemento essencial para a construção da sociedade humana que nunca poderá ser dispensado.”